quinta-feira, 24 de julho de 2014

Será que é difícil ser investidor no Brasil?

Será que é difícil ser investidor no Brasil?

Bem, por um lado não temos a cultura de investir. Não faz e nunca fez parte do brasileiro. Durante muitos anos cultivou-se a necessidade de poupar, mas então poupar era o mesmo que ter poupança. Nunca se falava em investir.

Há alguns anos houve o despertar dos pequenos investidores. Agora a ordem não era apenas poupar e sim investir. E claro, como não poderia deixar de ser, as escassas opções de renda fixa, com altas taxas bancárias surgiram como “ótimas” aplicações aos olhos dos leigos brazucas.

Neste ínterim, surgiram entre outros, o tal do VGBL e o tal do título de capitalização... Não sei a opinião de vocês, mas este último deveria até ser proibido, pois é arma perigosa nas mãos de gerentes de banco inescrupulosos, além do fato que por lei jogo de azar apenas a caixa, através das loterias, poderia fazer! O primeiro é bem estúpido também na minha opinião, mas prefiro não polemizar.

A bolsa sempre esteve aí, mas era algo inalcançável, distante... quase hollywoodiano! E ela foi aos poucos sendo conhecida. Passamos, como todo mundo passa, por momentos de euforia e de crise. Tal qual no primeiro mundo o movimento de entrada na euforia e saída na crise é intenso, reforçando ainda mais o conceito que na Bolsa mais se perde do que se ganha.

Aos poucos fizemos todo esse movimento, se não todos, pelo menos a maioria, incluindo este aqui que vos fala! Fomos estudando, vimos que o conceito de entrar na baixa e sair na alta, tão propagado e óbvio, é no entanto difícil, pois é impossível precisar se a queda atingiu o fundo ou se a alta atingiu o pico. Qual seria o limite? Neste aprendizado do dia-a-dia encontramos pessoas referendadas, e que tomam para si a improvável imagem de ser a pessoa certa a se seguir, aquele que conhece como não perder. Faz de seus conceitos óbvios e corretos serem distorcidos a ponto de virarem dogmas. Também esses são importantes! Desde que tenhamos nós o bom senso e sigamos uma estratégia de conforto (distinta para mim ou para você), sem se afastar de alguns conceitos primários, não vamos perder. Talvez um esteja mais disposto ao risco para atingir ganhos fabulosos, outros arriscam menos (famoso : "vai só na boa"), tendo uma estratégia menos audaciosa, menos arriscada, mas que limita o risco.

Mas isso tudo ocorre também fora do Brasil. Qual a nossa particularidade?

Somos um país quase que ímpar no mundo : temos empresas fortes, de boa governança e perspectiva, porém vivemos num regime de juros altíssimos. Nossa renda fixa é muito atrativa. Tenho certeza que a maioria dos pequenos investidores europeus se aqui se deparassem iriam abrir mão da renda variável em prol da renda fixa. Em contrapartida sabemos que estamos sempre rodeados do monstro da inflação e do apetite insaciável do governo que vem sob a forma de impostos. Isso que nos impulsiona a arriscar, querendo mais!

Soma-se a isso algo muito, mas muito problemático e que afasta o investidor externo, aumentando ainda mais para nós brasileiros a despesa. Temos regras mutáveis, regras cujas interpretações também se modificam (vide o recente caso dos FIIs de FIIs) e a pesada mão demagógica do governo, que não pensa no investidor e na sua empresa, ao lançar este ou aquele movimento impositivo, brusco e que muda tudo de repente... Podemos pensar como a Petrobras está sacrificada para manter o preço do combustível sem o reajuste, como as elétricas foram duramente atingidas para "dar uma resposta" ao povo na rua, etc, etc, etc...

Imagine você, grande investidor, pensando em algum país emergente para colocar seu dinheiro... Teria segurança em aqui investir? Eu certamente não!

Por essas e outras acho que nós, pequenos investidores brasileiros, somos bem diferenciados. E que possamos nos adaptar a tão inóspito ambiente e melhorar nossos ganhos ainda mais, ao mesmo tempo que demonstramos nossa indignação pelas regras não respeitadas, pelas empresas sacrificadas e pelos impostos que não possuem teto.

Abraços a todos dessa comunidade!

43 comentários:

  1. Excelente post Guardião, somando-se a isso, o brasileiro possui a característica de ser imediatista. Poucos fazem planos para ganhar dinheiro em 10, 15 .... anos. Abraço do Bagual.

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  2. Ótimo post Guardião! O fato é que quem investir estará melhor de quem não investir. Depois, quando a velhice chegar, não adianta ficar praguejando e culpando os outros por não ter pensado no futuro.

    Sei que o Brasil não é um país sério, contudo, confio MUITO mais em nossas empresas do que no Governo. Até por isso optei por me afastar do TD. Não duvido que um calote na dívida venha a acontecer por aqui.

    Abraços.

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    1. Se o governo chegar ao ponto de declarar moratória, como você acha que a bolsa vai reagir?

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    2. IL, é isso aí... Como disse, só o fato de nos preocuparmos com investimentos nos faz diferenciados!

      Abraços!

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    3. Troll,

      O que uma coisa tem a ver com a outra? Se o Governo declarar moratória, problema dele! As empresas vão continuar funcionando e lucrativas, assim como na época do confisco da poupança. Ou por acaso alguém mexeu nas ações?

      Abraços.

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    4. Woloco IL! Se o governo declarar moratória a moeda oficial do Brasil vira munição .45.

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    5. IL, você realmente acha que uma moratória não acarreta nenhuma consequência para economia? Cara, vamos estudar! Você está muito alienado! Para a bolsa, pode esperar uma imensa fuga de capitais logo de cara. Felizmente, estamos longe dessa situação a curto prazo. Mas eu não colocaria muito dinheiro em títulos de longuíssimo prazo.

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    6. Eu não disse isso. É óbvio que no curto prazo vai ser a mesma palhaçada de sempre. O mundo vai acabar, o capitalismo não presta, etc.

      Mas para as empresas, o que vai mudar? Se forem bem administradas, passarão por mais essa crise, assim como tantas outras que já aconteceram anteriormente. Como disse, é melhor ficar do lado das empresas que do Governo.

      Abraços.

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    7. bem com uma moratória a probabilidade é que todos investidores internacionais e muitos nacionais - retirem seu dinheiro do mercado Brasileiro, com uma queda de papéis que talvez não tenhamos lapso de vida suficiente para ver sua recuperação.

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  3. Tem muito investidor estrangeiro abrindo indústria aqui, seu Guarda. Então acho que o Brasil não assim tão inóspito. A própria carga tributária não é tão diferente da maioria dos países desenvolvidos. O que pesa mesmo é a quantidade de obrigações acessórias, o que consome muito tempo e aumenta o custo do empresário.

    Se em algum momento eu achar que o Brasil não é lugar para investir, eu vendo tudo de ações.

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    1. Troll, claro que sempre percebo um tom pró-governistas em suas assertivas, peculiar do cargo público, mas convenhamos que a carga tributária é monstruosa, as leis trabalhistas paternalistas e as regras do jogo mudam a toda hora em prol da demagogia.

      Gostaria que me mostrasse em dados que nossa carga tributária é semelhante à do Canadá, Suécia, Suiça, Noruega, EUA...

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    2. Não vou falar sobre a carga tributária num comentário. Essa hipocrisia que vendem na mídia e que pessoas ingênuas como você compram sem questionar.

      Não há tom pró governo em meu discurso. Há tom pró nação.

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    3. Vou falar sobre a carga tributária num post específico.

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    4. Beleza, Troll.

      Gosto dos seus posts. E por favor, não esqueça de citar os exemplos do primeiro mundo, MAS com um detalhe : some sempre a contrapartida dada pelo nosso país à quem paga o imposto e a contrapartida das nações de primeiro mundo!

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    5. É claro que vou citar exemplos. Isso é simples de achar com uma pesquisa simples. A nossa contrapartida em serviços é um lixo mesmo, como sempre foi. E o pior: quase nunca é falta de dinheiro!

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    6. Bacana Troll, acho que será engrandecedor, especialmente contemplando as contrapartidas dadas pelos diferentes governos

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    7. A carga tributária não é tão alta, o problema é o retorno disso. O Troll é petista brasileiro-médio que só pensa em puta e cerveja.

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  4. "Por essas e outras acho que nós, pequenos investidores brasileiros, somos bem diferenciados."
    Concordo plenamente. Somos a nata, a elite, rs

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    1. Verdade mas seríamos nóes a tal da "zelite branca de olhos azuis"? kkkkk.

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    2. Depende anônimo. Se houver uma pesquisa nesses investidores mostrando alta rejeição ao PT é provável que o molusco e sua corja assim nos taxe, no intuito de tentar desmoralizar...

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  5. Guardião e Troll,
    a) A carga tributária no país é elevadíssima, ela se compara aos países desenvolvidos. Dos países citados por você apenas perdemos da Noruega e Suécia que são países nórdicos com IDH absurdamente altos e um grande estado de bem-estar social;

    b) Troll, a carga tributária sim é um grande entrave para novos investimentos, principalmente porque no Brasil ela recai sobre a produção e consumo e não sobre a renda e patrimônio como nos países mais desenvolvidos. Assim, caro Mobral, nós pagamos bem menos impostos do que investidores médios de outros países, e isso vai ter que mudar no médio prazo;

    c) As obrigações acessórias são algo absolutamente sem pé nem cabeça. As multinacionais chegam a ter 3 vezes mais pessoas (advogados e contadores) apenas para operacionalizar o pagamento de tributos. Isso é ridículo, e apenas faz com que essas empresas sejam mais ineficientes e os nossos produtos mais caros;

    d) Não creio que as regras do jogo mudam a toda hora. O Brasil mudou muito nesse quesito. As intervenções do governo aumentaram muito (um bull market político como o gestor do fundo verde gosta de dizer) nos últimos anos, mas a situação é bem melhor do que há 15/20 anos atrás.

    e) Temos leis paternalistas e um Estado com postura paternalista. Em alguns casos é necessário, mas isso realmente vai causando algumas deformações na sociedade e no comportamento das pessoas;

    Abraço a todos!

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    1. Soul, respeito imensamente sua opinião, mas devo dizer que não posso concordar de forma alguma que "não creio que as regras do jogo mudam a toda hora".

      Abraços, GdM

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    2. Soul, não sou o anônimo acima, mas confesso que discordo da mesmas parte...

      Aliás, acho que numa assertiva ao Troll não deixei claro... O que analisar no pais, além da carga tributária a meu ver é a contrapartida que o cidadão ou a empresa recebe.

      E aí eu lhe pergunto : não é assim que devemos analisar?

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    3. Olá GDM,
      Posso estar equivocado, mas eu acho que o Brasil melhorou muito nos últimos anos, inclusive em matéria de contratos. Todos nós, ou a maioria, somos jovens, e talvez esquecemos de como era esse país pré-88. Nosso IDH que ainda é muito ruim, era horripilante. O Brasil, segundo dados da própria ONU, foi um dos países que mais evoluiu em inúmeros temas. Saímos de uma base baixa? Pode ser, mas isso apenas mostra o quão desigual e ruim era o nosso país.
      Sobre os regras do jogo, do que estamos falando especificamente? É sobre Energia Elétrica? É verdade, mas eu acho que o tema é bem complexo, e duvido que haja alguém aqui com conhecimento técnico suficiente para dizer se: a) os ativos já tinham sido amortizados (concessão no final do contrato reverte para o poder concedente), b) se os contratos foram estabelecidos em premissas razoáveis, nas mais variadas datas; c) se o preço de indenização proposto pelo governo foi correto, etc, etc.
      Com certeza o governo fez uma grande lambança, mas a questão não é tão simples.

      Guardião, sim é assim. Eu concordo que a carga pelo que recebemos é altíssima. Tanto que o Brasil há cinco anos é o país, segundo um ranking, que tem a maior carga tributária do mundo se analisar pelo retorno à população.

      Abraço a todos!

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    4. Concordo com tudo o que você disse, Surfisfa. Só gostaria que você lesse novamente meu comentário e indicasse onde eu escrevi que a carga tributária não é alta ou não é entrave a investimentos.

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  6. Conheço um cara que é piloto comercial em Madri e investe na bolsa de lá, ele disse que o investidor estrangeiro não vê o Brasil como sendo propício para investimento, somente especulação, consideram que aqui é o pior dos emergentes.

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    1. Sardinha, na boa... Fosse você podre do podre do podre de rico, iria investir aqui?

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    2. Isso é muito relativo, a gringos que amam e investem no Brasil e outros que desconfiam e acham o pior dos emergentes... Não sou fã do Brasil, porém se trocasse a maioria dos políticos por pessoas honestas e um governo sério, não levaria muito para sermos um dos emergentes mais promissores.

      melhor ainda investir no Brasil do que na Argentina por exemplo, sempre havera um pior.. kkkkkk que merda..

      abraços

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    3. Giga...

      "se trocasse a maioria dos políticos por pessoas honestas e um governo sério"

      Aí eu viveria feliz para sempre!!!

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  7. Sim, ser investidor no Brasil é contrassenso.

    Em primeiro lugar, você é rotulado de burro pelas pessoas que preferem viver às custas do Estado porque procurou ser produtivo. Trabalhar pra quê, se te dão tudo de mão beijada?!

    Em segundo lugar, você é rotulado de ingênuo pelos seus semelhantes porque optou conscientemente em deixar de aproveitar melhor o presente. Guardar dinheiro para quê, se ao tirar um extrato no banco você tem um cardápio com 20 opções diferentes de financiamento?!

    E por último, mas não menos importante, você é rotulado de especulador pelo nosso próprio Governo porque preferiu arriscar seu dinheiro no cassino financeiro a depositá-lo na boa e velha poupança. Quem você pensa que é para escolher um investimento que não seja o definido pelos nossos burocratas?!

    Pode soar exagerado (e a ideia era essa mesmo), mas a sensação que se tem é de que nadamos contra a correnteza. E ela é muito forte, Guardião.

    Abraço!

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    1. Sem dúvida alguma meu amigo. Mas valerá a pena todo o sacrifício. Tenha em mente, somos diferenciados.

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    2. Mais simples é deixar tudo como está. Dá menos serviço!

      Abraço!

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    3. Ótimo comentário LDL!

      Abraços.

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  8. Prezado Cotista do BCFF.
    Saiba que você está sendo praticamente lesado com as taxas de Gestão abusivas do BTG Pactual:

    Em 2012 13,05% de toda a receita foi para pagar as despesas de administração..
    Já em 2013 o percentual foi para 14,78%.
    Em 2012 houve R$ 7.840,000 de Lucro em transações com cotas de fundos de investimento imobiliário, descontando o IR o valor vai para R$ 6.272.000,00, já as Despesas de Consultoria foram de R$ 2.394.000,00 oras quase 40% do lucro com as vendas de fundos da carteira para pagar essa despesa.
    Mas isso não é tudo. Em 2013 as Despesas de Consultoria foram de R$ 4.599.000,00 enquanto o Lucro em transações com cotas de fundos de investimento imobiliário foi de R$ 4.702.000,00 descontando o IR R$ 3.761.600,00. Gerou-se PREJUÍZO com o giro recomendado pela “Consultoria”
    Acredito que essas taxas são demasiadamente elevadas e não trouxeram os resultados esperados. Mesmo em 2012 que o mercado foi mais favorável as despesas de consultoria consumiram parte expressiva do resultado.

    E tem mais:

    Ao adquirir minhas cotas do BCFF, um dos pontos que mais levei em consideração foi o fato de estar citado no prospecto que ''os lucros que o Gestor aufere na venda das cotas, ele distribui ao cotista sem a incidência de imposto''. E agora surge essa notificação da Receita Federal cobrando esses impostos, que sairão do bolso do cotista, o que vai reduzir drasticamente nosso rendimento nos próximos 6 meses, sem contar o os prejuízos das quedas no valor das cotas.

    O erro de interpretação da lei não foi do cotista, e sim da Administração do Fundo. Então por que o pagamento desses impostos vai sair do bolso do cotista, e não de uma redução das taxas de Gestão e Administração?

    Junte-se a nós outros cotistas, e vamos exigir uma posição tanto da CVM quanto do BTG Pactual para reduzir essas taxas absurdas.
    Contamos com seu e-mail de protesto tanto para o RI quanto para a CVM.

    Um abraço.

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    1. Bacana anônimo, confesso a você duas coisas em primeira mão : adquiri hoje cotas do BCFF11B. Acho que o mercado ta batendo muito forte e resolvi aportar. É meeeeeega arriscado e não recomendo. A segunda confissão é isso já citado. Exige via email pro RI a redução de taxa para compensar o erro que eles mesmos tiveram quando da elaboração do prospecto e questionei a CVM se não seria o caso de liquidar o fundo e distribuir o patrimônio aos contistas.

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    2. Fiz a mesma coisa amigo Guardião, quando o povo bora a cueca, o Bagual vai lá e compra.

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    3. Tbm comprei ontem.
      E tbm já mandei email pro BTG e pra CVM questionando essa situação.
      Temos que ter em mente que enquanto essa Administração não ajudar a cota não sairá do lugar.
      Estou ansioso para saber os PM da carteira do Fundo para ver se após a vigência dessa regra vale a pena liquidar ou não...

      Abraços.

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  9. Excelente o post, o grande problema para se investir era informação e opção que até o começo do ano 2000 era muito difícil achar, quase que escaço, hoje esta melhor tem mais informação e opção no mercado, mas tem que melhorar mais para que o povo em geral possa fazer investimentos. Abraços!

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